A Novavax, a pouco conhecida empresa de Maryland/EUA que recebeu um acordo de US$ 1,6 bilhão do governo federal americano para sua vacina experimental contra o coronavírus, anunciou resultados encorajadores em dois estudos preliminares na última terça-feira(4).
Em um estudo, 56 voluntários produziram um alto nível de anticorpos contra o vírus sem efeitos colaterais perigosos. No outro, os pesquisadores descobriram que a vacina protegia fortemente os macacos contra infecções por coronavírus.
Embora não seja possível comparar diretamente os dados de ensaios clínicos de diferentes vacinas contra o coronavírus, John Moore, um virologista da Weill Cornell Medicine que não estava envolvido nos estudos, disse que os resultados da Novavax foram os mais impressionantes que ele tinha visto até agora.
“Este é o primeiro que eu estou olhando e dizendo: ‘Sim, eu aceitaria isso'”, disse o Dr. Moore.
Angela Rasmussen, virologista da Universidade de Columbia que não participou dos estudos, chamou-os de “encorajadores de resultados preliminares”, mas advertiu que não será possível dizer se a vacina é segura e eficaz até que a Novavax realize um estudo em larga escala — conhecido como Fase 3 — comparando pessoas que são vacinadas com pessoas que recebem um placebo.
Os estudos estão sendo submetidos a revistas científicas a serem revisados para publicação, disse o Dr. Gregory Glenn, presidente de pesquisa e desenvolvimento da Novavax.
A empresa disse que, se a vacina for considerada eficaz, ela poderá produzir 100 milhões de doses até o início do próximo ano, ou o suficiente para dar a 50 milhões de pessoas se administrada em duas doses. Sob seu acordo com o governo federal, a empresa também receberá dinheiro para realizar a fabricação em larga escala de milhões de doses se a vacina for mostrada como funcionar.
A vacina da Novavax é um dos mais de duas dúzias de produtos que entraram na primeira rodada de testes de segurança em pessoas, conhecidos como ensaios da Fase 1. Cinco outras vacinas contra o coronavírus já estão em testes de Fase 3, nos quais milhares de pessoas são testadas para ver se uma vacina funciona.
Mas a Novavax, que nunca trouxe uma vacina ao mercado em seus 33 anos de história, usa uma fórmula diferente de todas as outras vacinas que produziram resultados em humanos até agora.
Suas vacinas contêm uma proteína coronavírus que solicita uma resposta do sistema imunológico. As vacinas à base de proteínas têm um histórico mais longo do que algumas das abordagens mais novas usadas pelas vacinas coronavírus concorrentes, como aquelas baseadas em genes virais ou os chamados adenovírus.
As vacinas à base de proteínas são licenciadas para doenças como hepatite B e telhas. A Novavax concluiu com sucesso um teste de Fase 3 para uma vacina à base de proteínas para gripe no início deste ano e fez pesquisas sobre outras doenças, como o MERS.
Intensa valorização
Com a divulgação dos resultados, a ação da Novavax disparou na Nasdaq. Às 10h51, do horário de Brasília, a ação estava cotada em US$ 186,15, com uma valorização de 18% apenas no pregão desta quarta-feira (5).
Desde o começo do ano, a ação da companhia já valorizou mais de 4.000%. No início de janeiro, o papel da empresa estava cotado em cerca de US$ 4,00 e hoje já vale mais de US$ 180.
Fonte: The New York Times/InfoMoney