O Instituto Butantan informou nesta quinta-feira (6) que suspendeu o envase da vacina CoronaVac por conta da falta de Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), a matéria-prima do imunizante que é fornecido pela China.
Dimas Covas, diretor do instituto, atribuiu o problema à “falta de alinhamento” do governo federal, quem vem fazendo críticas a China.
“O insumo da principal vacina que vai no braço dos brasileiros vem da China”. Segundo Dimas, foi provocado um mal-estar “por sucessivas declarações desastrosas do ministro da economia, Paulo Guedes, e agora do presidente da república, Jair Bolsonaro”. Dimas ressaltou ainda que existe a possibilidade de faltar insumo para a produção da CoronaVac no Brasil, caso o clima de acusações continue.
A China é fornecedora de insumos para a produção tanto da CoronaVac, do Instituto Butantan, como da vacina de Oxford, produzida pela Fiocruz.
“Espero que o ministro das relações exteriores cumpra seu papel e atue o mais breve possível e com êxito para que tenhamos a liberação desses insumos em Pequim para que o instituto Butantan possa retomar a produção da vacina aqui em São Paulo”, disse Dimas.
Na quarta-feira(5), o presidente Bolsonaro havia dito da possibilidade do vírus ter sido criado em laboratório.
“É um vírus novo, ninguém sabe se nasceu em laboratório ou nasceu por algum ser humano ingerir um animal inadequado. Mas está aí. Os militares sabem o que é guerra química, bacteriológica e radiológica. Será que não estamos enfrentando uma nova guerra? Qual o país que mais cresceu o seu PIB? Não vou dizer para vocês”, disse o presidente.
O governador de São Paulo, João Doria, criticou as declarações do presidente. “Isso causa profundo mal-estar na chancelaria chinesa e quero registrar como governador de São Paulo meu protesto com essas manifestações agressivas e desnecessárias ao governo da China, à produção das vacinas e a colocações que não contribuem à normalidade da entrega de IFA para vacinas. Tenho certeza que isso tem influência nos insumos da AstraZeneca”, disse Doria.