A Estância Turística de Olímpia assiste a uma atuação inédita do governo municipal, por meio das secretarias de Turismo e de Cultura, Esportes e Lazer: a reforma do Palacete Tonanni, antiga sede do Museu de História e Folclore “Maria Olímpia”. O ineditismo se deve ao fato de que, pela primeira vez, existe uma preocupação no resgate das técnicas construtivas e decorativas originais que compõem a edificação.
O local está sendo reformado para receber o primeiro Museu de Arte Sacra do município. No total, serão investidos R$ 303.720,88, sendo R$ 289.589,67 de emenda parlamentar da deputada federal Keiko Ota (PSB), por meio do Ministério do Turismo, e mais R$ 14.131,21 de contrapartida da Prefeitura. Segundo a secretaria de Obras, Engenharia e Infraestrutura, 55% das obras já foram executadas.
Exemplo da preservação das características originais foi o restauro da laje em abobadilha de tijolos, refeita com a técnica tradicional, composta de perfis metálicos, com tijolos encaixados em abóboda, que demonstram uma das primeiras técnicas de execução em laje, geralmente usadas nas áreas molhadas dos sobrados da segunda metade do século XIX e início do século XX. A construção do Palacete data de 1910, aproximadamente.
Foram também resgatadas as esquadrias originais do pavimento térreo do prédio, de acordo com os registros fotográficos do Projeto de Restauro realizado pela arquiteta, mestre e especialista em restauro, Rosely Mayse Seno, realizado no ano de 2000, e só agora utilizado. De acordo com o teórico de restauro italiano, da segunda metade do séc. XIX, Camilo Boito, cujos preceitos foram absorvidos posteriormente pelas Cartas Patrimoniais (documentos retirados de Congressos específicos de Restauro) e ainda hoje usados, deve haver uma distinção entre o que era antigo e o que foi restaurado. O fato é observado na distinção da cor da madeira, que se caracteriza pela cor escura, quando se trata do antigo, e clara, quando executada de acordo com o registro fotográfico e em algumas partes novas nas antigas peças deterioradas das janelas antigas.
Foram ainda realizadas pesquisas para encontrar as pinturas parietais originais, realizadas por artistas italianos. Tratam-se de pátinas e pinturas na técnica de stencil, que a arquiteta investigou com a ajuda dos estagiários e funcionários do Museu. Estas técnicas foram utilizadas ao longo do século XIX e início do século XX e caracterizou grande parte da arquitetura produzida na Belle Époque, produção arquitetônica do auge da economia cafeeira, grande parte produzida com o lucro obtido pelo café, chamado de “ouro verde”.
“Em Olímpia, existe ainda uma área muito característica dessa época, observada em construções como o Palacete Tonanni (1910), antiga estação ferroviária (1914), residência de Geremia Lunardelli (1922), Beneficência Portuguesa (1921) e dos antigos armazéns de beneficiamento de café, onde ainda encontra-se o arruamento em paralelepípedos. É uma área característica e belíssima e que agrega culturalmente ao município”, conta a arquiteta Rosely Mayse Seno.