Mapeamento feito por Famerp, Ibilce e outras instituições mostra que a variante Delta do coronavírus já está na região de Rio Preto; vacinação pode reduzir impacto e evitar nova onda
A variante Delta já chegou a Rio Preto. É o que aponta a Rede Corona-ÔmicaBR-MCTI, da qual fazem parte a Famerp e o Ibilce, ambos de Rio Preto, e também o Instituto de Biotecnologia (IBTEC) da Unesp de Botucatu e a Faculdade de Zootecnia e Engenheria de Alimentos da Usp de Pirassununga (FZEA-USP).
A chegada da variante ao município se deu antes do que havia previsto o secretário de Saúde, o médico Aldenis Borim, que estimava a chegada para meados de setembro. De 184 genomas das amostras analisadas pelo grupo, quatro são de Delta. A análise dos cientistas também apontou que a variante Gama, originária de Manaus, continua a ser a mais prevalente na região. Foram analisadas amostras do período entre 1 de julho e 11 de agosto de 2021, em 16 cidades do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Rio Preto.
“É a primeira vez que a gente achou Delta. Nós temos que esperar um pouquinho, precisamos ver se ela vai se tornar dominante, e se ela se tornar dominante teremos mais uma onda, que se espera que seja menos agressiva do que a última por causa do maior número de vacinados,” afirma Maurício Lacerda Nogueira, virologista da Famerp.
A variante Delta é considerada mais transmissível e mais perigosa, e tem provocado surtos em locais com brechas na vacinação, como nos Estados Unidos, por isso é essencial que os índices de imunização subam rapidamente – não apenas de primeira, mas de segunda dose também.
Carolina Pacca, doutora em Virologia e professora da Faceres, explica que esse primeiro rastreio ainda não significa que essa mutação está circulando livremente pela região. “Mas é um alerta. Precisamos tomar cuidado. Porque existe a possibilidade de acontecer esse tipo de transmissão.”
João Pessoa Araujo Junior, pesquisador da Unesp de Botucatu e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, explica que pesquisadores já descreveram que a Delta tem maior capacidade de transmissão. E a Delta não deve ser a única preocupação, principalmente em um contexto em que a minoria da população está completamente vacinada. “Temos algumas variantes da Gama que estão circulando que preocupam bastante. As medidas de controle devem ser mantidas, principalmente para pessoas não vacinadas ou que não receberam a segunda dose ou que não completaram 15 dias da segunda dose”, alerta João Pessoa. “O que está tendo hoje á uma sensação de proteção com uma dose. Uma dose só não protege contra a variante Delta.”
Em nota, a Secretaria de Saúde de Rio Preto afirmou que há tendência de queda na quantidade de casos leves diagnosticados e reforçou a recomendação para que todas as medidas sanitárias continuem a ser seguidas. A pasta não descartou mudar os rumos da assistência caso os índices voltem a subir. “A Vigilância Epidemiológica está atenta para qualquer alteração no perfil dos índices atuais e se necessário”.
Informações do Jornal Diário da Região de Rio Preto